Cultivar plantas em vasos é uma opção para quem não dispõe de grande área, mas quer ter a natureza por perto.
Cultivar espécies em pequenos recipientes é a solução para quem não dispõe de um pedaço de terra, mas gosta de ter o verde sempre por perto. O segredo para ter plantas bonitas e saudáveis em casa é dar a elas condições próximas as de seu habitat de origem. Ou seja, pensar na composição da terra, na incidência de luz, na água e na nutrição. Algumas regras simples que nasceram da observação e da sensibilidade dos apaixonados por jardinagem fazem toda diferença para o plantio e, convivendo de perto com os exemplares preferidos, o morador também pode descobrir como tratá-los da melhor maneira possível.
Para garantir o vigor das plantas, o primeiro passo é a escolha de espécies que suportam o ambiente interior, já que as condições internas são, em grande parte, adversas a uma enorme quantidade de vegetais, explica o paisagista e ambientalista Caio Zoza. Portanto, deve-se escolher a espécie de acordo com a luminosidade do local onde o vaso irá ser colocado, sendo também muito importante verificar as correntes de ar que incidem sobre ele, o que também é um grande empecilho à sobrevivência de uma enormidade de tipos de plantas, continua.
Em relação à incidência de luz, Caio Zoza julga ser o fator mais elementar. “Para que as plantas sobrevivam é necessário produzirem fotossíntese, ou seja, a luz é fundamental. Algumas espécies exigem maior quantidade de luz para sobreviver. Logo, deve-se observar se o local tem luminosidade suficiente. Paisagistas mais preparados possuem um instrumento chamado luxômetro que mede a quantidade de luz do local, e se é suficiente a determinada espécie vegetal. Existem também lâmpadas especiais que reproduzem a luz natural necessária para que a planta produza fotossíntese e consequentemente sobreviva naquele determinado local”, dá a dica.
E como saber qual é a quantidade de água de que cada espécie precisa? Um caminho é reparar o desenvolvimento das plantas para descobrir suas necessidades. “Grande parte dos exemplares morre por excesso de água e não por falta dela. É preferível regar frequentemente, mas sem exageros. Terra encharcada propicia o aparecimento de fungos e pragas e provoca o apodrecimento das raízes”, afirma o paisagista João Jadão. Caio Zoza acrescenta que o problema da rega é muito relativo, já que algumas plantas possuem exigências maiores que outras. “A temperatura do ambiente também acelera ou diminui a evapotranspiração das espécies vegetais em ambientes internos. Aconselho sempre aos leigos usar o dedômetro (brincadeira que faço da utilização do dedo para verificar a umidade do substrato). Se ao colocar o dedo no substrato ele estiver com baixa umidade, está na hora de regar o vaso. Assim a regularidade de rega se torna mais fácil, não sendo prejudicial às raízes. É importante salientar que o excesso de regas também é ruim para as plantas, principalmente às que se encontram sem exposição ao sol”.
Algumas espécies, como a avenca, necessitam ainda de umidade no ar. Para criar essa condição, um recurso é pulverizar água ao redor da planta todos os dias, mas sem molhar a terra. “Isso cria um microclima apropriado”, diz João Jadão. Outra sugestão do paisagista é tentar reproduzir uma mata, agrupando vários vasos no mesmo local. Juntas, as plantas transpiram e liberam maior quantidade de vapor d'água. Quanto aos materiais e modelos de vasos, o mercado dispõe de uma enorme variedade, passando pela cerâmica, barro, concreto, plástico com acabamentos requintados, fibra de vidro, entre outros. Recipientes de barro ou cerâmica imitam melhor o solo e permitem que as raízes respirem mais facilmente. “Aconselho sempre seguir o estilo da decoração do ambiente. Numa decoração ultramoderna não cabe um vaso em estilo gregoriano. Um paisagista aliado a um decorador definirá o melhor estilo a compor aquele ambiente e que melhor se alia à planta escolhida. Os cachepôs de vidro estão em alta e se adaptam a diversos estilos de decoração”, ilustra Caio Zoza.
O paisagista e ambientalista explica ainda que o preparo da terra é algo que mudou nos últimos anos. Existem substratos especiais prontos para vasos e jardineiras. São compostos em sua maioria orgânicos aliados a substâncias inertes (como a Vermiculita) que têm a capacidade de reter água e a liberar gradativamente. São mais eficientes e de melhor aeração para as raízes das plantas, além de ter sua composição balanceada em termos de elementos químicos importantes, continua Caio. Ele afirma que, para montar um vaso novo, é essencial que se tenha uma boa drenagem. “Coloque cacos de isopor no fundo e os cubra com um pedaço de manta geotêxtil (tipo Bidim). Esta manta impedirá a saída do substrato e o entupimento dos furos de drenagem do vaso, além de filtrar a água da rega. Coloque um pouco de areia sobre a manta geotêxtil e em seguida despeje o substrato até parte do vaso. Molhe - é importante molhar antes de colocar a planta para que o substrato acomode-se e você tenha a noção exata da quantidade colocada. Meça o torrão da planta a ser colocada e complete ou retire o excesso de substrato. Coloque a planta e complete o restante do vaso com o substrato. Molhe novamente e veja se há necessidade de completar ainda mais. Seu vaso novo está pronto. Agora faça o acabamento que mais lhe aprouver (casca de pinus, argila expandida, granitina, seixo rolado, vidro moído, pó de mármore, musgo, etc). Além de trazer vida ao ambiente, as plantas conferem frescor ao mesmo através da sua transpiração. Por retirar gás carbônico e emitir oxigênio, purificam o ambiente”.
Algumas espécies são mais adequadas para o interior e outras para espaços externos. Para o interior, os paisagistas sugerem palmeiras como a Raphis e Chamaedora, ornamentais como o Anthurio e o Espatifílus, árvores como a da Felicidade, o Fícus e a Yuca, além de algumas espécies de bromélias. “Dependendo da luminosidade, como em varandas, vale à pena ter um Bambu mossô ou uma frutífera como Pitanga, Grumixama ou Jabuticaba híbrida. Um paisagista profissional indicará a espécie mais adequada ao ambiente e principalmente ao tamanho e modelo de vaso”, afirma Caio Zoza.
RECIPIENTES
O vaso exigirá manutenção a cada dois anos ou antes, dependendo da espécie. É necessário de tempos em tempos podar as raízes que já se enovelaram e não conseguem mais respirar. A planta normalmente “dirá” quando efetuar a manutenção. As folhas começarão a amarelar e cair, incidirá um maior número de pragas como pulgões e cochonilhas, os galhos ficarão com menos resistência, e tendem a tombar. “Está na hora de retirar a planta do vaso, podar parte das raízes e trocar o substrato. Aproveite para podar a parte aérea da planta para que haja maior brotação, ficando a mesma mais viçosa”, indica Zoza.
Uma adubação foliar constante evitará em muito o ataque de pragas, continua. “Verifique sempre se a luminosidade ainda permanece a ideal e refaça os vasos de tempos em tempos evitando assim o ataque de pragas. Mesmo assim se elas acontecerem, existem hoje no mercado inseticidas orgânicos que ajudarão em muito no combate. E cuidado com as regas em excesso, que levam à podridão das raízes”.
As plantas em vasos ficarão naturalmente limitadas em seu crescimento. Mas é importante um container ou vaso de acordo com o tamanho da planta a ser colocada, para que ela possa se alimentar dos nutrientes dispensados no substrato ou fornecidos através de adubações suplementares. Assim, vasos menores são adequados a plantas que tem pouca raiz e cujo crescimento final já foi o desejado. “Como exemplos temos Bromélias, Anthurios, Espatifílus, Palmeira Raphis, Suculentas e Cactos, Plantas pendentes como Samambaias, Asparagus, Columéias, etc. Já os vasos maiores são adequados a plantas de maior porte e ainda em fase de crescimento e/ou com raízes vigorosas. Nestes vasos são ideais o Bambu mossô, a Yuca, a Pata de elefante, o Fícus. O formato da planta também indicará se ficam bem em vasos maiores ou menores”, completa Caio Zoza.
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